terça-feira, setembro 13, 2011

Ah, essas convenções

Recentemente deixei de parabenizar dois amigos leoninos por seus aniversários. Eu não sei que dias eles nasceram, essa é uma informação que costuma me escapar e usualmente é tomada por inútil. Aí hoje uma outra amiga comentou sobre o aniversário dela (ontem) e como muitas pessoas a parabenizaram via facebook, alcançando proporções nunca antes vistas. Ela então me cobrou uma mensagem de aniversário, e comecei a pensar sobre isso.
Haver um dia específico no ano para que nos lembremos de alguém é, no mínimo, bobo. Isso, claro, pensando num mundo ideal. Eis que vivemos numa realidade muito fria, chata e distante. Esses dias especiais se transformam em motivos para reencontros, rememorações e recomeços. Eu não preciso, com minha amiga em questão, recomeçar. Nós evitamos encerramentos, pois sabemos que eles tendem a ser permanentes em casos de distâncias parecidas com as que enfrentamos hoje. Nos gostamos demais para deixar que o silêncio seja o tom das nossas conversas.
Aí eu esqueço de lhe dar parabéns. Ah, grande coisa, nós conversamos todos os dias. É algo que eu posso acreditar e que certamente é muito racional. Não há nada de racional em parabenizar alguém pelo dia em que nasceu, óbvio que não. Bem, se tem algo que eu aprendi recentemente, é que o racional não dá conta de tudo o que é humano. Há uma esfera em nossas vidas que, além de atravessar os pensamentos, pode-se dizer que é anterior a eles. As emoções. Parece coisa de powerpoint com fotinhos de bebês. Só que é mais que isso: é estar aberto para o que a gente sente e para o que podemos sentir. É lembrar que também, com o tempo, podemos deixar de sentir, tornar-nos anestesiados. Anestesia que também pode abraçar nossas amizades, torná-las menos importantes, menos centrais pra vida.
Então lembro do Pequeno Príncipe, aquele ingênuo que acha que amor é pra sempre. Eu não concordo com ele, ao menos não nesse ponto. Aquela história de cativar pra sempre é bobeira, se pensada sem filtros. Porém, existem pessoas que a gente quer cativar e quer que nos cativem. Existem pessoas que conseguem isso, que valem o esforço. Aí chega  um dia, passa um aniversário e a gente esquece. Ou nunca soube. Não é um fim do mundo, não é um atentado, mas é um esquecimento. É uma oportunidade a menos de lembrar a pessoa que ela é amada, que ela tem um lugar na tua realidade. É um esforço a menos pra dizer "tu é importante pra mim", e ninguém é eternamente responsável por aquele que cativa se não estiver disposto a pagar os preços dessa responsabilidade.

Amar não é algo que se faça simplesmente amando. Amar é ação.
A minha ação, nesse momento, é dizer Feliz Aniversário atrasado, irmãzinha <3

Um comentário:

Vivian disse...

Nossa, sempre vou cobrar mensagens de aniversário! Se todas vierem com esses textos como resposta, serei sempre feliz =) Amo ser amiga dessa raposa antropofilosófica! Um beijo mega grande e um abraço hipster apertado!

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