quarta-feira, setembro 07, 2011

Balança

É difícil pesar o que fazemos em contraponto ao que esperam que façamos. Já nascemos inseridos numa série de malhas de expectativas. Como ser menino. Como ser filho. Como ser irmão. Como ser sobrinho. Como ser neto. Como ser estudante. Como ser amigo. A série de "como ser" apenas cresce conforme nós avançamos através das experiências de vida. Como ser profissional. Como ser chefe. Como ser independente. Como ser namorado. Como ser amigo do inimigo do seu amigo. Esses sistemas são complexos, se sobrepõem, interferem uns nos outros. Não fosse o bastante, eles não são universais. Ser amigo aqui e lá têm conotações diferentes, expectativas, deveres e prazeres que se diferenciam. Não falo apenas de diferenças culturais maiores, como brasileiros e japoneses, mas também de pequenas distinções. Essas matrizes de expectativas, crenças e valores são tão variadas e tão perniciosas que se espalham e não se permitem enxergar facilmente, mas permeiam todas as relações humanas.

Podemos viver unicamente dessas expectativas? Provavelmente. Elas geram vento suficiente para empurrar nosso barco por uma vida inteira. É o jeito certo de se viver? Depende do que se acredita, de quais expectativas estão em conflito com que desejos. Eu não sei o que é o certo, quais decisões devo manter e em que momentos devo abrir mão. O que acredito, no momento, é na possibilidade de viver mais, viver melhor. A minha medida para isso tem sido o que me faz feliz, o que me deixa sorridente, o que me empolga. Há quem diga que não viemos ao mundo para aproveitar. Tudo bem, exista sem aproveitar, aguardando por uma outra vida em que isso lhe seja permitido. Talvez eu esteja sendo apressado em querer que as coisas sejam boas já agora, ao invés de aguardar pela hora prometida. Prometo não tentar impor minhas crenças sobre ti, triste-vivente. Peço, em retorno, que faça o mesmo comigo: deixe-me livre para caminhar como intento.

Isso significa que não podemos conviver? Não, de modo algum, não significa isso. Diferenças existem entre as pessoas e não significam que devam ser resolvidas em busca de uma resposta certa. Acredito que um dos maiores problemas da humanidade é a vaidade de se crer correto e, por isso, querer que os demais ajam da mesma forma que nós. Como, então, coexistir?

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