Já falei algumas vezes sobre como a universidade e o mundo da pesquisa muitas vezes se monta numa Torre de Marfim inalcançável para os humanos comuns e, em contrapartida, sem grandes efeitos nesses mesmos indivíduos. Parece ser recorrente a tristeza dos que vivem na área das Humanidades - e não haveria ironia maior? - pelo pouco efeito que seus estudos causam nos seres viventes. O que dizer de mim, ou de tantos outros, que cruzam áreas e não se definem em uma atuação específica? Sou formado jornalista, estudei expressão gráfica na arquitetura/design, e agora me envolvo profundamente com a cultura visual e a educação em artes, ao ponto de fazer um intercâmbio com a Ohio State University no departamento de arte-educação.
No meio de tudo isso, o que estou fazendo que tenha algum contato com a realidade? É, esse lugar em que vivem as pessoas de carne e osso, em que estudam, comem, transitam, conversam, produzem? Produzir, fazer, agir. Sinto falta de um fazer profissional, de um interferir diretamente no mundo. Claro, sei que estou me preparando para algo assim conforme vou estudando. Só que esse se preparar para algo soa tão distante que é difícil acreditar que um dia ele vá se tornar real. Quando acontecer, talvez minhas dúvidas feneçam e eu possa respirar aliviado. Como isso não tem perspectiva de se realizar e eu sigo empurrando sempre mais para a frente o dia em que terei uma vida profissional ativa, entro fácil nesses redemoinhos.
Quero ser professor, mas quanto mais estudo, menos eu acho que tenho pra ensinar.
Como faz?
3 comentários:
para ser professor, você não precisa ter o que ensinar, mas muitas perguntas para aprender, e saber compartilhar isso com quem mais também queira aprender... (o que não quer dizer que seja simples, ou fácil, bem ao contrário...)
afinal, somos todos muito ignorantes. o que nos diferencia uns dos outros é o tamanho da arrogância, num lado, e da inocência, no outro.
Nossa, então já que eu sou mesmo ignorante, seria bom dar uma baixada na arrogância =D
Teu comentário vem - como todos os teus costumam vir - em boa hora. Conforta, mesmo que ofereça um mundo assustador pela frente. Obrigadito!
Muito lindo seu blog, Tales. Tem bem a sua carinha, transpira sua inquietude. Um beijinho.
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