Existe uma prática que me incomoda muito: reclamar do que não se conhece. Precisamos entender, em primeiro lugar, que há uma distinção entre reclamar para conhecer e reclamar do que "não li e não gostei".
Os que desaprovam aquilo que não sabem e que não têm a menor vontade de saber deveriam aprender algumas lições de mundo. Criticar é uma ação legal e divertida, mas também extremamente complicada, porque envolve as escolhas de outras pessoas. Não somos juízes do mundo, mesmo os que respondem como juízes do judiciário, para determinar o que é bom e o que é ruim. É claro que podemos reclamar daquilo que não nos agrada, que não queremos que entre no nosso mundo e etc., mas também é claro que, seguindo a mesma linha de raciocínio, posso considerar esta uma postura ridícula e inculta.
Por outro lado, criticar para conhecer é bem mais interessante, mas não menos complicado. Um método meio socrático este do questionar para entender, que se feito de forma ofensiva pode causar mais problemas e enterrar mais do que trazer à luz.
Ontem falei alguma coisa sobre preconceito. Depois do que escrevi fiquei pensando, considerando o quanto nós, que nos dizemos contra ações preconceituosas, permitidos que ele cresça e fortaleça. Eu fiquei impressionado com o casal gay caminhando de mãos dadas, quando na verdade acho que essa é uma coisa que deveria ser absolutamente normal. Não sendo comum, me chamou a atenção. Justamente essa atenção concede uma diferenciação ao casal, pois eles se destacam mais que os demais a sua volta.
Eu tenho um pouco de medo da reação das pessoas frente à palavra-tabu gay. Ela seria, como qualquer outra, uma boa palavra para designar um gosto. Contudo, ela é também muito temida. Ela evoca o desconhecido, o exótico. Não poucas vezes ouvi alguém falar em "ai, eu tenho um amigo gay" como se tivesse em casa um mico-leão dourado.
Portanto me parece um pouco normal o medo que tenho em dizer que estou estudando sobre homocultura. Entrei em duas listas de discussão sobre o tema (encontrei o endereço numa revista acadêmica que peguei na biblioteca da fabico) e tenho lido alguns livros a respeito. Estou tentando mapear como a comunicação retrata gays e lésbicas; se existe uma linguagem particular e separada, e por que não separatista?, homossexual; e também a quantas anda o preconceito sexual.
Estou quase me formando em jornalismo e preciso fazer uma monografia. Minhas áreas de interesse: lingüística, linguagem, significado, jornalismo cultural, homocultura.
Está bem complicado de achar o que estudar. Ou eu que estou com medo de propor?
Nenhum comentário:
Postar um comentário