terça-feira, outubro 23, 2007

Considerações sígnicas

Hoje na aula tivemos uma interessante discussão sobre blogs, sites de jornalismo participativo e as distintas linguagens que amparam uma e outra estrutura. Esse assunto me interessa especialmente considerando minha recente leitura sobre a teoria semiótica de Peirce.
Estou apenas dando os primeiros passos, mas já é possível perceber que a estrutura que parece fundamental para o entendimento de um processo de linguagem (ou seja, de interação; logo, de comunicação) envolve três pontos. O primeiro é o objeto; o segundo, o signo; por fim, o interpretante. Importante manifestar que por "interpretante" não se deve entender intérprete, ou receptor, mas sim a imagem mental que o signo provoca, algo mais como o entendimento do que com a recepção em si. Peirce apresenta diversas tricotomias, indicando diferentes níveis de signo, objeto, interpretante, e tantas outras categorias sobre as quais ele disserta. Esse estabelecimento de diferentes níveis é muito proveitoso para um estudo sobre a linguagem (lembrando que Peirce não trabalha a linguagem como algo isolado, mas sim como uma disciplina filosófica que envolve necessariamente um contexto). O exemplo clássico é a separação de signo em ícone (uma representação semelhante ao objeto, como um desenho de uma casa), índice (que faz alusão ao objeto através de uma relação, como uma seta para indicar o caminho) e símbolo (que é um estabelecimento de significado convencional, como as palavras). Parece impossível falar de Peirce sem se estender.
De volta à aula de hoje, um colega comentou que entre as diferentes linguagens (blog, jornal) o público para o qual ele se dedica não é de todo importante. Esse comentário não pode passar em branco, muito menos ser admitido levianamente. Num processo de comunicação, a importância do emissor é tão grande quanto a do receptor, pois é o conjunto de referenciais em comum que garantirá um entendimento ou a falta de um.
Um trabalho que fiz em algum semestre passado exigia que fizéssemos uma análise de peças de publicidade, separando suas características e potenciais significados. Uma tarefa que julgo inútil, ou ao menos pouco utilizável, considerando que os aspectos que meu conhecimento me permite acesso são, certamente, diferentes dos que seriam reparados e compreendidos (consciente ou inconscientemente) por outros observadores. Talvez pudessemos, num exercício de abstração, procurar as identificações possíveis para os alvos da peça em questão, num trabalho voltado ao entendimento do que se quis dizer, do que foi dito e do que foi compreendido.

Nessa linha entra a questão do conhecimento. Aqui quero ser breve: um estudo que fiz nos primeiros semestres da faculdade se mostrou quase impossível de decifrar. Hoje, passo por ele com certa facilidade e desenvoltura. Conhecimento é algo que se acumula e que abre portas para novos aprendizados.
O que, me parece claro, faz total sentido se comparado com os comentários a respeito da linguagem feitos acima.

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