Essa é do Alberto Dines: "jornalismo não é apenas serviço – se assim fosse as listas telefônicas seriam imbatíveis".
Eu pretendia falar sobre a prática jornalística e a vida profissional e as batatinhas, mas ah, esse dia de chuva está tão melancolicamente bonito que não me prestarei a perder tempo falando sobre trabalho.
Minhas idéias estão começando a ficar maiores do que eu. Creio que é uma questão de confiança a literariedade das minhas criações. Desde 2002, mais ou menos, que eu não crio nada escrito, exceto dois trabalhos (talvez três, se eu tiver esquecido algum). Um deles certamente foi meu melhor até hoje, outro é um que prefiro deixar guardado pela eternidade. A passagem pelo colégio no segundo grau me afetou bastante, por conta da minha postura distanciada da vida. Dizer que eu fui autista durante o ensino médio é um eufemismo, quase, para o modo como deixei as coisas passarem e me afetarem.
A chegada na faculdade foi ainda mais conturbada. Eu era o paradigma da ingenuidade infantil, a representação pura de uma pessoa ainda despreparada para viver no mundo real. Sem ter efetivamente crescido, eu estava no meio de pessoas em diferentes estágios de evolução. O que no colégio eu consegui, lidar com pessoas com atributos melhores que os meus nos pontos onde antes eu era "o cara", na faculdade provou-se muito mais complicado. Por quê? Simples: não era mais questão de não me destacar no colégio como aluno, mas de confrontar pessoas que também escreviam. Para piorar: escreviam com qualidade.
A confiança é uma cigarra que só canta quando está com calor. Meu texto é mais como um urso, que hibernou durante o inverno em que minha confiança desapareceu. Por mais paradoxal que seja dizer isso agora que chegou o outono no mundo real, no meu simbolismo o inverno finalmente está dando lugar para a primavera. É tempo de voltar.
Não é a primeira vez que eu digo isso.
É, porém, a primeira vez que eu digo isso com tanta certeza e confiança.
Enquanto isso, vou tentando segurar as idéias que insistem em povoar a minha mente. Graças aos deuses que elas estão tão insistentes!
sexta-feira, março 28, 2008
quinta-feira, março 27, 2008
O papel da crítica
Tem sido a questão orientadora do meu semestre: como fazer uma boa crítica cultural. Artes visuais, literatura, música, performances; todas as diferentes linguagens que se mesclam dentro de um mesmo conceito, o de arte, mas que não podem ser trabalhadas sem o preparo de uma vida de estudos. Será mesmo?
Antes de tentar sequer esboçar o que é uma boa crítica, que tal começar pelo papel do crítico e sua (ingrata? divertida?) tarefa?
Não é anormal se dizer que para desconstruir algo é necessário que antes saibamos como construir. Portanto, deveríamos nos limitar a falar sobre aquilo que conseguimos fazer, de preferência melhor. Essa visão tem um problema que salta aos olhos numa primeira avaliação: o que é ser melhor?
Não precisamos nem entrar nos méritos de (in)definição sobre o que é bom e o que é ruim nas manifestações culturais. Basta a dúvida que fica ao pensarmos quem elegerá os críticos. Eles serão os melhores, certo? Quem, então, os criticará? Serão eles uma cúpula dos poderosos inatacáveis e infalíveis? Existiria um papa da crítica?
Ainda com essa linha de raciocínio, é difícil acreditar, portanto, que um crítico seja capaz de apontar o que é bom e o que não é. Bom pra quem? Em que sentido? Pra quê? Parece-me muito mais confortável aceitar que o crítico, ser letrado que se supõe ser, deve mostrar ao leitor do seu trabalho o que ele está analisando e onde a obra se insere em termos de rede e background. Por rede entendemos a teia de conexões que relaciona os elementos do momento presente; e, por background, a história e as transformações passadas na rede. Quem é o autor? O que ele está oferecendo aos leitores? O que ele já fez antes, quem já fez o que ele está fazendo?
É absurdo esperar de um crítico a explicação de uma obra. Esta expectativa é tão ínscia quanto a tentativa de entender e recriar os pensamentos e intenções do autor da obra analisada. No caso específico da literatura, como saber o que passou realmente pela mente do escritor na hora de surgir o texto, quem vai conseguir traduzir os complicados caminhos que as letras fazem pelo cérebro e pelo coração? Talvez devamos voltar à idéia de infabilidade crítica...
O processo crítico é apenas uma leitura da realidade. Teoricamente reforçada de uma bagagem cultural superior à média, mas ainda assim uma leitura. Cabe ao crítico a humildade de aceitar que não possui o dom da Palavra Verdadeira. Quando se trata de arte e cultura, aliás, é perda de tempo a procura pela objetividade por trás do subjetivo. Neste ponto defendo que o crítico deve se desarmar da instituição que o suporta: ele não deve ser a voz de um jornal, a posição de uma entidade. Quando assume esse papel, assume também a perspectiva jornalística da infabilidade factual, passando a ser visto como correto. É o efeito "é assim porque eu li no jornal". Esse é um problema constante na crítica cultural e no jornalismo como um todo. A crença de que o jornalismo é um espelho objetivo e não-intencionado do que ocorre na realidade parece ingênua aos olhos treinados, mas esses olhos são tão poucos que até mesmo nos enganamos pensando que todos sabem o que esperar de uma publicação.
O crítico é, antes de qualquer coisa, um indivíduo com uma visão, justamente, particular. Não acredito numa análise sem juízo de valor, sem envolvimento pessoal. Pelo contrário, o crítico deve expor seu pensamento e justificá-lo em seus gostos, mas sem enganar o leitor. Interessa saber se um filme não agrada ao jornalista, bem como interessa acompanhar o conhecimento aprofundado na área analisada.
O achismo, porém, muitas vezes disfarçado de intuição, não é o melhor caminho para uma boa crítica. Embora o analista deva confiar nos seus instintos para construir sua reflexão, é necessária a existência de uma base que possa sustentar o que será dito.
Parece-me, enfim, que uma boa crítica é aquela que traz conteúdo para que o leitor possa situar a obra em seu mundo, mas que também permite o leitor conhecer o crítico. Ao mesmo tempo que aquele que analisa é legitimado por seu conhecimento, ele também deve ser reconhecido como alguém de quem se pode discordar.
* * * * *
Muito se deve dizer ainda sobre crítica e eu certamente retornarei a esse assunto. Questões importantes como a escolha do que criticar e as formas de fazer esse trabalho foram deixadas de lado apenas para uma aproximação inicial.
Antes de tentar sequer esboçar o que é uma boa crítica, que tal começar pelo papel do crítico e sua (ingrata? divertida?) tarefa?
Não é anormal se dizer que para desconstruir algo é necessário que antes saibamos como construir. Portanto, deveríamos nos limitar a falar sobre aquilo que conseguimos fazer, de preferência melhor. Essa visão tem um problema que salta aos olhos numa primeira avaliação: o que é ser melhor?
Não precisamos nem entrar nos méritos de (in)definição sobre o que é bom e o que é ruim nas manifestações culturais. Basta a dúvida que fica ao pensarmos quem elegerá os críticos. Eles serão os melhores, certo? Quem, então, os criticará? Serão eles uma cúpula dos poderosos inatacáveis e infalíveis? Existiria um papa da crítica?
Ainda com essa linha de raciocínio, é difícil acreditar, portanto, que um crítico seja capaz de apontar o que é bom e o que não é. Bom pra quem? Em que sentido? Pra quê? Parece-me muito mais confortável aceitar que o crítico, ser letrado que se supõe ser, deve mostrar ao leitor do seu trabalho o que ele está analisando e onde a obra se insere em termos de rede e background. Por rede entendemos a teia de conexões que relaciona os elementos do momento presente; e, por background, a história e as transformações passadas na rede. Quem é o autor? O que ele está oferecendo aos leitores? O que ele já fez antes, quem já fez o que ele está fazendo?
É absurdo esperar de um crítico a explicação de uma obra. Esta expectativa é tão ínscia quanto a tentativa de entender e recriar os pensamentos e intenções do autor da obra analisada. No caso específico da literatura, como saber o que passou realmente pela mente do escritor na hora de surgir o texto, quem vai conseguir traduzir os complicados caminhos que as letras fazem pelo cérebro e pelo coração? Talvez devamos voltar à idéia de infabilidade crítica...
O processo crítico é apenas uma leitura da realidade. Teoricamente reforçada de uma bagagem cultural superior à média, mas ainda assim uma leitura. Cabe ao crítico a humildade de aceitar que não possui o dom da Palavra Verdadeira. Quando se trata de arte e cultura, aliás, é perda de tempo a procura pela objetividade por trás do subjetivo. Neste ponto defendo que o crítico deve se desarmar da instituição que o suporta: ele não deve ser a voz de um jornal, a posição de uma entidade. Quando assume esse papel, assume também a perspectiva jornalística da infabilidade factual, passando a ser visto como correto. É o efeito "é assim porque eu li no jornal". Esse é um problema constante na crítica cultural e no jornalismo como um todo. A crença de que o jornalismo é um espelho objetivo e não-intencionado do que ocorre na realidade parece ingênua aos olhos treinados, mas esses olhos são tão poucos que até mesmo nos enganamos pensando que todos sabem o que esperar de uma publicação.
O crítico é, antes de qualquer coisa, um indivíduo com uma visão, justamente, particular. Não acredito numa análise sem juízo de valor, sem envolvimento pessoal. Pelo contrário, o crítico deve expor seu pensamento e justificá-lo em seus gostos, mas sem enganar o leitor. Interessa saber se um filme não agrada ao jornalista, bem como interessa acompanhar o conhecimento aprofundado na área analisada.
O achismo, porém, muitas vezes disfarçado de intuição, não é o melhor caminho para uma boa crítica. Embora o analista deva confiar nos seus instintos para construir sua reflexão, é necessária a existência de uma base que possa sustentar o que será dito.
Parece-me, enfim, que uma boa crítica é aquela que traz conteúdo para que o leitor possa situar a obra em seu mundo, mas que também permite o leitor conhecer o crítico. Ao mesmo tempo que aquele que analisa é legitimado por seu conhecimento, ele também deve ser reconhecido como alguém de quem se pode discordar.
* * * * *
Muito se deve dizer ainda sobre crítica e eu certamente retornarei a esse assunto. Questões importantes como a escolha do que criticar e as formas de fazer esse trabalho foram deixadas de lado apenas para uma aproximação inicial.
terça-feira, março 18, 2008
Quarto bagunceiro
Só falta o café: meu quarto ultimamente anda uma zona recheada de livros, revistas e folhas de xerox. Meu espaço de não mais de 9m² está entulhado de materiais de estudo e riscos. Eu adoro esse ambiente viciosamente leitor. Ligar o computador é quase uma heresia: ele distrai, perturba, atrapalha a atividade leitura e produtora. Meu companheiro de quarto não é menos que necessário, porém. Juntos dividimos nossos metros, juntos vivemos nossas alienações culturais.
Estou adorando ser um estudante de verdade, mesmo que eu possa o ser apenas na minha imaginação. Faz eu lembrar de quantas vezes não vivi mundos e fui a aventuras, sempre retido no meu pensar.
Estou adorando ser um estudante de verdade, mesmo que eu possa o ser apenas na minha imaginação. Faz eu lembrar de quantas vezes não vivi mundos e fui a aventuras, sempre retido no meu pensar.
segunda-feira, março 17, 2008
Só uma foto para coroar o dia. Essa foi tirada no concurso do INSS, quando esperei quase meia hora sentado para finalmente receber minha prova. Concursos podem não ser tão difíceis, no fim das contas, se eu estudar.
Tudo bem que daí o problema deixa de ser a prova e passa a ser os concorrentes, mas essa é a história do mundo...
Tudo bem que daí o problema deixa de ser a prova e passa a ser os concorrentes, mas essa é a história do mundo...
Cadernos pautados e grupos de pesquisa
Então hoje foi meu primeiro dia no grupo de pesquisa que agora participo. Discussão importante: as limitações impostas pela existência de pautas nos cadernos. Certo, essa não foi a discussão, mas foi um dos momentos de discussão nada a ver que tive com minha professora e futura orientadora.
Minha vida está uma verdadeira correria e isso me deixa extremamente feliz. Eu estou feliz.
Seguindo o ritmo, estou juntando forças para escrever uma história. Ainda não tenho idéia do tamanho, mas acredito que o título será algo como "A história do não". Antigamente eu não conseguia escrever se não tivesse um nome para dar à minha história. Bem, agora eu tenho, então talvez os relatos que vêm se enredando na minha mente finalmente possam vir à luz. Escreverei a caneta (ou lápis), ao invés de diretamente no computador. Quero ver se ainda consigo criar em papel ou se já estou preso ao computador.
Quero um lugar para ler. Um cantinho claro, de temperatura amena e sem distrações sonoras ou visuais. Aqui em casa é impossível estudar. Isso é particularmente um problema agora que realmente quero estudar. Se eu fosse um aluno aplicado desde antes, talvez tivesse notado mais cedo as deficiências em termos de estudo que minha casa oferece. Todas as casas, na realidade, devem ter os mesmos problemas.
Meu cabelo curto tá legal, apesar de eu já achá-lo igual a como sempre fica. Sigo dizendo que, como ele está desfiado, ele está bonito. Alguma coisa no cuidado com que ele foi cortado aumentou minha auto-estima. Até saí com uma camisa pólo hoje. Mudaaanças...
Minha vida está uma verdadeira correria e isso me deixa extremamente feliz. Eu estou feliz.
Seguindo o ritmo, estou juntando forças para escrever uma história. Ainda não tenho idéia do tamanho, mas acredito que o título será algo como "A história do não". Antigamente eu não conseguia escrever se não tivesse um nome para dar à minha história. Bem, agora eu tenho, então talvez os relatos que vêm se enredando na minha mente finalmente possam vir à luz. Escreverei a caneta (ou lápis), ao invés de diretamente no computador. Quero ver se ainda consigo criar em papel ou se já estou preso ao computador.
Quero um lugar para ler. Um cantinho claro, de temperatura amena e sem distrações sonoras ou visuais. Aqui em casa é impossível estudar. Isso é particularmente um problema agora que realmente quero estudar. Se eu fosse um aluno aplicado desde antes, talvez tivesse notado mais cedo as deficiências em termos de estudo que minha casa oferece. Todas as casas, na realidade, devem ter os mesmos problemas.
Meu cabelo curto tá legal, apesar de eu já achá-lo igual a como sempre fica. Sigo dizendo que, como ele está desfiado, ele está bonito. Alguma coisa no cuidado com que ele foi cortado aumentou minha auto-estima. Até saí com uma camisa pólo hoje. Mudaaanças...
quinta-feira, março 13, 2008
Clã das Laranjas Voadoras
E a Terra segue girando
Eu realmente gosto destes períodos de excesso de ocupação. Talvez seja uma forma (bizarra) de compensação por momentos de carência de atividades, um modo (literalmente) prático de fazer coisas na minha vida sem ter de vencer tantas resistências costumeiras. Eis o fantástico poder da obrigação.
É bem verdade que essas correrias me estressam e que eu fico com vontade de arrancar o fígado de quem passa pelo meu caminho, mas isso é facilmente deixado de lado (o mais difícil é recolocar o fígado no lugar certo, depois).
Chorar pelo passado é algo que eu costumo fazer com freqüência.
Idealmente, é uma maneira funcional de não repetir os erros já cometidos e, assim, viver uma vida muito mais plena de acontecimentos felizes. Já no mundo real, é pouco mais que um álbum de fotos em que todas as memórias são muito parecidas e que nas novas páginas outras fotos semelhantes serão acrescentadas.
Tudo bem, eu não consigo acreditar que hoje eu não esteja vivendo minha vida de um jeito agradável. Ainda não é o que eu gostaria pra mim, faltam alguns pontos-chave como a independência imobiliária e móvel, mas são elementos que podem esperar. Outros, como o conhecimento de três anos e meio (seis e meio se considerar o ensino médio, muito mais se for fazer as contas por todo o tempo que eu sei ler) desperdiçado não deixam de me abandonar. Ah, parar de chorar e estudar? É uma boa providência, mas infelizmente jamais dissipará a tristeza de não ter aproveitado esse tempo de outra forma. Se eu tivesse vivido uma adolescência peralta (terceira acepção do Houaiss) como muitos, talvez eu não sentisse falta de nada.
Não sendo o caso, deixem que eu chore pelos dias que não vivi ^^
É bem verdade que essas correrias me estressam e que eu fico com vontade de arrancar o fígado de quem passa pelo meu caminho, mas isso é facilmente deixado de lado (o mais difícil é recolocar o fígado no lugar certo, depois).
Chorar pelo passado é algo que eu costumo fazer com freqüência.
Idealmente, é uma maneira funcional de não repetir os erros já cometidos e, assim, viver uma vida muito mais plena de acontecimentos felizes. Já no mundo real, é pouco mais que um álbum de fotos em que todas as memórias são muito parecidas e que nas novas páginas outras fotos semelhantes serão acrescentadas.
Tudo bem, eu não consigo acreditar que hoje eu não esteja vivendo minha vida de um jeito agradável. Ainda não é o que eu gostaria pra mim, faltam alguns pontos-chave como a independência imobiliária e móvel, mas são elementos que podem esperar. Outros, como o conhecimento de três anos e meio (seis e meio se considerar o ensino médio, muito mais se for fazer as contas por todo o tempo que eu sei ler) desperdiçado não deixam de me abandonar. Ah, parar de chorar e estudar? É uma boa providência, mas infelizmente jamais dissipará a tristeza de não ter aproveitado esse tempo de outra forma. Se eu tivesse vivido uma adolescência peralta (terceira acepção do Houaiss) como muitos, talvez eu não sentisse falta de nada.
Não sendo o caso, deixem que eu chore pelos dias que não vivi ^^
quarta-feira, março 12, 2008
Segunda semana
Cá estou eu cheio de uma serenidade irritada. Essa semana está tão boa quanto a anterior, melhorada um tantinho pelo aumento da complexidade. Pois meus semestre funciona assim: em camadas.
A semana zero foi a que eu voltei a trabalhar, depois de cerca de vinte dias em férias. Eu já estava atordoado sem ter o que fazer. Ficando em Porto Alegre no verão foi possível descobrir como era bom o tempo que eu passava de pernas pro ar na praia, mesmo que não fosse ao mar ou ao sol.
As férias despertaram uma vontade de viajar, viver e conhecer. Vontade antiga, como sempre, mas deixada de lado pelas pressões do meu eu cotidiano. Talvez eu consiga voar um tantinho mais, talvez seja só balela pra encher a Raposa Antropomórfica.
A semana um retomou a faculdade. Coisa simples, uma cadeira aqui e outra ali, rever as pessoas e sentir novamente o gostinho de uma vida acadêmica. Uma cadeira séria aqui, outra possivelmente interessante, as coisas foram se ajeitando. Fico um pouco decepcionado que a minha vontade de estudar e descobrir o mundo a sério tenha surgido e fixado na minha práxis apenas tão recentemente. Se no primeiro semestre eu tivesse corrido atrás do conhecimento, quanto mais eu já não saberia? Se ao invés de passar os anos do colégio entre a televisão e a abstração, quanto eu não teria vivido?
A semana dois, esta em que estamos, trouxe o retorno do francês na minha vida e uma cadeira que eu estava realmente querendo fazer: seminário de arte e comunicação. Ministrada pela minha futura orientadora e pelo orientando de mestrado dela, esse é um dos poucos aspectos da comunicação que realmente me dão vontade de continuar estudando a área, ao invés de partir para outros campos. Aliás, valeu totalmente a confiança depositada na professora vê-la falar sobre a formação de jornalistas culturais, que muitas vezes faziam mestrado e doutorado em outras áreas para se aprofundar, enquanto olhava para mim. Das duas uma: ou ela estava falando pra mim, já que eu havia manifestado em outra ocasião vontade de me doutorar em Letras (como ela), ou ela me fez pensar isso sem intenção. No caso da segunda hipótese ser a verdadeira, bem, azar, continuarei com a primeira.
Sexta-feira trará o fim do livro infantil que estou fazendo, um projeto bem legal de trinta e seis páginas que foi aprovado pelo MEC e que terá uma tiragem de milhares (milhões?) de exemplares. A coisa está corrida, mas o material está ficando realmente bonito. Amanhã os autores olharão meu projeto e darão seu aval para publicação. Ou, na pior das hipóteses, dirão que eu destruí a historinha que eles fizeram.
A semana três, ainda a chegar, será marcada pelo início de duas atividades: o estudo de alemão, que estudarei paralelamente ao francês, e o início da minha tarefa de bolsista voluntário de iniciação científica.
Minha prioridade filológica será para o francês, mas o alemão acompanhará o ritmo de estudos para me garantir um aprendizado plural. Quase uma forma de tirar o atraso, mas prefiro considerar um modo de exercitar meu cérebro. ^^
Já a iniciação científica, considero ela de extrema importância para iluminar meu pobre currículo, tão vazio. Além do mais, ela é sobre cultura, tema de minha monografia e, como já dito anteriormente, meu provável único interesse dentro do jornalismo.
De atualização, é isso por hoje :o)
A semana zero foi a que eu voltei a trabalhar, depois de cerca de vinte dias em férias. Eu já estava atordoado sem ter o que fazer. Ficando em Porto Alegre no verão foi possível descobrir como era bom o tempo que eu passava de pernas pro ar na praia, mesmo que não fosse ao mar ou ao sol.
As férias despertaram uma vontade de viajar, viver e conhecer. Vontade antiga, como sempre, mas deixada de lado pelas pressões do meu eu cotidiano. Talvez eu consiga voar um tantinho mais, talvez seja só balela pra encher a Raposa Antropomórfica.
A semana um retomou a faculdade. Coisa simples, uma cadeira aqui e outra ali, rever as pessoas e sentir novamente o gostinho de uma vida acadêmica. Uma cadeira séria aqui, outra possivelmente interessante, as coisas foram se ajeitando. Fico um pouco decepcionado que a minha vontade de estudar e descobrir o mundo a sério tenha surgido e fixado na minha práxis apenas tão recentemente. Se no primeiro semestre eu tivesse corrido atrás do conhecimento, quanto mais eu já não saberia? Se ao invés de passar os anos do colégio entre a televisão e a abstração, quanto eu não teria vivido?
A semana dois, esta em que estamos, trouxe o retorno do francês na minha vida e uma cadeira que eu estava realmente querendo fazer: seminário de arte e comunicação. Ministrada pela minha futura orientadora e pelo orientando de mestrado dela, esse é um dos poucos aspectos da comunicação que realmente me dão vontade de continuar estudando a área, ao invés de partir para outros campos. Aliás, valeu totalmente a confiança depositada na professora vê-la falar sobre a formação de jornalistas culturais, que muitas vezes faziam mestrado e doutorado em outras áreas para se aprofundar, enquanto olhava para mim. Das duas uma: ou ela estava falando pra mim, já que eu havia manifestado em outra ocasião vontade de me doutorar em Letras (como ela), ou ela me fez pensar isso sem intenção. No caso da segunda hipótese ser a verdadeira, bem, azar, continuarei com a primeira.
Sexta-feira trará o fim do livro infantil que estou fazendo, um projeto bem legal de trinta e seis páginas que foi aprovado pelo MEC e que terá uma tiragem de milhares (milhões?) de exemplares. A coisa está corrida, mas o material está ficando realmente bonito. Amanhã os autores olharão meu projeto e darão seu aval para publicação. Ou, na pior das hipóteses, dirão que eu destruí a historinha que eles fizeram.
A semana três, ainda a chegar, será marcada pelo início de duas atividades: o estudo de alemão, que estudarei paralelamente ao francês, e o início da minha tarefa de bolsista voluntário de iniciação científica.
Minha prioridade filológica será para o francês, mas o alemão acompanhará o ritmo de estudos para me garantir um aprendizado plural. Quase uma forma de tirar o atraso, mas prefiro considerar um modo de exercitar meu cérebro. ^^
Já a iniciação científica, considero ela de extrema importância para iluminar meu pobre currículo, tão vazio. Além do mais, ela é sobre cultura, tema de minha monografia e, como já dito anteriormente, meu provável único interesse dentro do jornalismo.
De atualização, é isso por hoje :o)
sexta-feira, março 07, 2008
Paleta de cores
Como esse modelo de blog que estou usando aqui no Blogger é relativamente novo, para mim, ainda não me acostumei com as possibilidades estilísticas da coisa. Portanto, farei um pequeno teste prático para determinar quais cores poderei usar aqui dentro ^^
Azul?
Vermelho?
Verde claro? (voz fina)
Verde escuro? (voz grossa)
Amarelo?
Roxo?
Rosa?
Pastel de vento?
Ok, fim dos testes.
Que a prática mostre-me as cores melhores :o)
Azul?
Vermelho?
Verde claro? (voz fina)
Verde escuro? (voz grossa)
Amarelo?
Roxo?
Rosa?
Pastel de vento?
Ok, fim dos testes.
Que a prática mostre-me as cores melhores :o)
Dia acadêmico
Hoje foi o segundo do semestre, um dia potencialmente acadêmico. Acorda cedo, vai pra fila, trabalha, pesquisa, conclui, discute, se matricula no curso, lê bastante.
É triste perceber as lacunas que compõem a minha biblioteca de conhecimentos. De alguma perspectiva otimista pode vir uma resposta dizendo que, se sei as lacunas, é mais fácil enchê-las de idéias ou, ao menos, de areia. O meu problema é saber o que eu quero preencher e com o que. Muitas vontades lutam entre si no campo do meu corpo, as questões persistem.
Eu gosto desses dias produtivos. Talvez seja interessante explicar que produtivo não é um dia que cria algo para o mundo. Deixemos esse sentido capitalista de lado. Entendo, aqui, produtivo por capaz de me render frutos, retornos. Um livro novo que seja bom e tenha sido livro configura um dia bom.
Tenho esperança de que esse semestre seja mais interessante que meus últimos. Talvez eu esteja tentando construir a vida acadêmica que eu sonho, mas não vivo, ou quem sabe estou apenas dizendo isso porque meus dias estarão bastante ocupados e eu terei muito o que estudar a respeito de temas que gosto, e um tantinho do que não me agrada.
Aliás, momento curiosidade: um texto que interessa ao leitor é devorado, enquanto um escrito não interessante é ruminado.
É triste perceber as lacunas que compõem a minha biblioteca de conhecimentos. De alguma perspectiva otimista pode vir uma resposta dizendo que, se sei as lacunas, é mais fácil enchê-las de idéias ou, ao menos, de areia. O meu problema é saber o que eu quero preencher e com o que. Muitas vontades lutam entre si no campo do meu corpo, as questões persistem.
Eu gosto desses dias produtivos. Talvez seja interessante explicar que produtivo não é um dia que cria algo para o mundo. Deixemos esse sentido capitalista de lado. Entendo, aqui, produtivo por capaz de me render frutos, retornos. Um livro novo que seja bom e tenha sido livro configura um dia bom.
Tenho esperança de que esse semestre seja mais interessante que meus últimos. Talvez eu esteja tentando construir a vida acadêmica que eu sonho, mas não vivo, ou quem sabe estou apenas dizendo isso porque meus dias estarão bastante ocupados e eu terei muito o que estudar a respeito de temas que gosto, e um tantinho do que não me agrada.
Aliás, momento curiosidade: um texto que interessa ao leitor é devorado, enquanto um escrito não interessante é ruminado.
quinta-feira, março 06, 2008
Campus do Vale
Hoje tive minha primeira aula em semestres lá no Campus do Vale.
O dia começou como sempre, aulinha chata na Fabico. Não que eu desgoste de dar oportunidade de aprendizado aos internos da FASE, não é essa a questão. O problema é ter que aguentar uma cadeira de oito créditos que poderia ser eletiva ou, no mínimo, ter horário flexível para atender ao formato que ela de fato tem (na grade horária a disciplina ocupa as terças e quintas pela manhã, quando na realidade acontece de termos encontros de dois créditos e meio, no máximo, num momento semanal a ser definido pelos alunos de cada grupo). Grande parte do meu desgosto com essa cadeira se dá pelo fato de haver uma disciplina chamada Fundamentos de Editoração bloqueada para mim na quinta de manhã, por conta da aula obrigatória causar colisão de horário. Tudo bem, fica pro semestre que vem. Sempre existe uma vantagem em atrasar a faculdade.
O período entre almoço e ônibus para o campus do Vale foi divertidamente passado na editora. Antes, tive o prazer de reencontrar pessoas que as oportunidades têm me roubado a presença. Muito agradável passar pelo menos dez minutos conversando com criaturas que eu gosto e admiro. Muito mesmo.
Ah, o campus do Vale. A aula parece ser promissora. Há quatro pessoas do jornalismo numa turma que atualmente conta com vinte e oito pessoas (quarenta, de acordo com a matrícula, mas se entrasse mais três pessoas na sala, ela explodiria). Uma das minhas colegas do jornalismo é uma menina que será minha colega no projeto de pesquisa guiado pela minha futura orientadora. Interessante esse jeito meio estranho de conhecer as pessoas que conheceremos daqui uma ou duas semanas. Ela também fará uma outra cadeira comigo, Seminário de Arte e Comunicação. Pelo menos meus dias no Vale não serão solitários.
Lá reencontrei minha grande paixão. Estava parada, me esperando, como a perguntar o motivo de eu tê-la deixado de lado. "Estou estudando História das Literaturas", eu respondi naquela linguagem que só nós sabemos. Ela continuou ali imóvel, desaprovando minha traição. Não pude fazer muito que não continuar o caminho, prometendo um dia retornar. Talvez apenas para observá-la de longe, como uma raposa astuta, ou quem sabe para vivê-la. Quem saberá?
A vida no Campus do Vale é linda.
Não sei se foi o sol, o fato de ser a primeira semana de aula, a quantidade de pessoas de cursos diferentes – e tão diferentes! –, a quantidade de verde para todos os lados ou o fato de estarmos isolados do resto da cidade. Deve ter sido isso tudo e mais um pouco.
* * * * *
Por quê eu estou com a sensação de que esta postagem deveria ter começado com "Querido diário,"? ^^
O dia começou como sempre, aulinha chata na Fabico. Não que eu desgoste de dar oportunidade de aprendizado aos internos da FASE, não é essa a questão. O problema é ter que aguentar uma cadeira de oito créditos que poderia ser eletiva ou, no mínimo, ter horário flexível para atender ao formato que ela de fato tem (na grade horária a disciplina ocupa as terças e quintas pela manhã, quando na realidade acontece de termos encontros de dois créditos e meio, no máximo, num momento semanal a ser definido pelos alunos de cada grupo). Grande parte do meu desgosto com essa cadeira se dá pelo fato de haver uma disciplina chamada Fundamentos de Editoração bloqueada para mim na quinta de manhã, por conta da aula obrigatória causar colisão de horário. Tudo bem, fica pro semestre que vem. Sempre existe uma vantagem em atrasar a faculdade.
O período entre almoço e ônibus para o campus do Vale foi divertidamente passado na editora. Antes, tive o prazer de reencontrar pessoas que as oportunidades têm me roubado a presença. Muito agradável passar pelo menos dez minutos conversando com criaturas que eu gosto e admiro. Muito mesmo.
Ah, o campus do Vale. A aula parece ser promissora. Há quatro pessoas do jornalismo numa turma que atualmente conta com vinte e oito pessoas (quarenta, de acordo com a matrícula, mas se entrasse mais três pessoas na sala, ela explodiria). Uma das minhas colegas do jornalismo é uma menina que será minha colega no projeto de pesquisa guiado pela minha futura orientadora. Interessante esse jeito meio estranho de conhecer as pessoas que conheceremos daqui uma ou duas semanas. Ela também fará uma outra cadeira comigo, Seminário de Arte e Comunicação. Pelo menos meus dias no Vale não serão solitários.
Lá reencontrei minha grande paixão. Estava parada, me esperando, como a perguntar o motivo de eu tê-la deixado de lado. "Estou estudando História das Literaturas", eu respondi naquela linguagem que só nós sabemos. Ela continuou ali imóvel, desaprovando minha traição. Não pude fazer muito que não continuar o caminho, prometendo um dia retornar. Talvez apenas para observá-la de longe, como uma raposa astuta, ou quem sabe para vivê-la. Quem saberá?
A vida no Campus do Vale é linda.
Não sei se foi o sol, o fato de ser a primeira semana de aula, a quantidade de pessoas de cursos diferentes – e tão diferentes! –, a quantidade de verde para todos os lados ou o fato de estarmos isolados do resto da cidade. Deve ter sido isso tudo e mais um pouco.
Entendo os que dizem que passar quatro anos viajando para lá todos os dias mata de canseira o espírito do estudante. Mesmo assim, se o espírito acadêmico da UFRGS vive em algum lugar, é no Campus do Vale.
* * * * *
Por quê eu estou com a sensação de que esta postagem deveria ter começado com "Querido diário,"? ^^
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