quarta-feira, julho 31, 2013

Depilação íntima: fazer ou não?

Já quase dormindo, uma ligação me arranca o sono: "ele não quer depilar a bunda!". Depois de três meses de namoro, o motivo principal para as discussões de relação do casal são os pelos que meu amigo considera "em excesso", mas que seu digníssimo defende serem seu direito e sua liberdade de ter o corpo que quiser. Para o desespero do meu amigo, eu concordo com o namorado: o corpo é dele, os pelos também. Essa onda de depilação compulsória é coisa da nossa cultura que sacralizou a juventude e tudo o que se assemelha a ela. Fugiu disso, corta, depila, reforma, malha, faz dieta.

O que meu amigo está indignado a respeito é o fato de seu namorado não estar interessado em seguir os padrões de beleza que regem nossa cultura contemporânea, aquelas coisas de corpo sarado lisinho, sabe? Isso pra mim é sempre um desafio: estou voltando à natação amanhã cedo e o fato de eu ter pelos no peito, na barriga e nas costas me intimidam profundamente antes de tirar a roupa numa sala aberta na qual ficarei apenas de sunga. É absurdo especialmente porque eu sei que esses padrões são imposições culturais que em nada deveriam afetar o modo como eu enxergo o mundo. Só que afetam!


Pensando sobre isso, encontrei uma campanha de feministas que deixam os pelos do sovaco crescerem em nome da aceitação de mulheres com uma doença que tem como um dos principais efeitos colaterais o crescimento desproporcional de pelos. A lógica é perfeita: usar os próprios corpos para mostrar ao mundo que os padrões culturais de beleza são arbitrários, ou seja, não nascem de nenhuma lógica universal, são apenas reflexos e reproduções de ideais que vão mudando (a passos lentos) ao longo do tempo.

Por isso defendo o namorado do meu amigo: ele tem o direito de defender a possibilidade de simplesmente viver o seu corpo sem a interferência cruel e não requisitada da cultura que o circunda. O corpo é um espaço político, pois o que vestimos, pintamos ou movemos diz sobre o que acreditamos e defendemos. Ele, aparentemente, defende os pelos como o seu espaço de liberdade contra uma sociedade cruel e normalizadora. Mesmo que, me parece, ele possa perder o namorado no processo...

2 comentários:

Unknown disse...

Rs... tá certo!!

Defendendo os direitos de ser o que se é sem imposição!

Anônimo disse...

Já terminei um namoro devido a imposições sobre meu corpo.
Prefiro o corpo ao namorado, sempre.

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