sábado, março 30, 2013

Amor de pai

Ontem escrevi sobre como minha mãe lidou quando descobriu que sofri (bastante) bullying na escola.

Nunca falei de sexo com o meu pai. Desde pequeno, eu era o filho mais próximo da mãe, enquanto meu irmão era o mais próximo do pai. Era meu irmão que saía para acompanhar os jogos de futebol dele. Eu era o filho que pedia papel pra ficar rabiscando e me enfiava num mundinho todo particular (e distante). Apesar de nunca termos falado de sexo, ou talvez por isso, algumas dúvidas surgiram. Eu era o filho que nunca falava de namoradas, que não indicava interesse pelo outro sexo, que estava sempre estudando e estudando. Teria isso diminuído o amor de pai?

raposas fofas

Certa vez, na praia, meu irmão estava passando uns dias na casa de nosso pai. Areia, mar, sol, churrasco, essas coisas todas que tornam a experiência da praia algo animado e farofeiro. Em meio a tudo isso, meu irmão tinha que lidar com uma série de perguntas curiosas: "O Tales já namorou?", "Tu já viu o Tales com mulher?". O interesse por trás das questões era simples: será que ele é? (já falei sobre isso, também, aqui). Chegou ao ponto em que meu irmão se irritou, puxou meu pai para caminhar com ele e disse "Tá, chega, cansei, o Tales é gay e tem um namorado". Era verdade, eu estava namorando na época. Depois de tantas perguntas, acho que o silêncio não foi a resposta que meu irmão estava esperando. "E aí, não vai falar nada?", questionou. "Ué, minha irmã era lésbica, o que tu quer que eu diga?".

Desde esse dia, meu pai e eu ainda não falamos sobre nada a respeito de sexo. Se isso diminui o amor que sentimos um pelo outro? Não, com certeza não.

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