segunda-feira, março 25, 2013

O que a vida tem a ver com a culinária

Há uns meses, comprei o livro Cozinha básica para leigos enquanto estive em São Paulo. De lá para cá, tenho me aventurado muito na culinária.


Quando comecei a lê-lo pela primeira vez, o livro se mostrava instigante, mas difícil. Muitas das suas ideias me eram estranhas, por mais básicas que ele fossem. Eu não tinha muitas experiências pessoais com as quais pudesse comparar o que estava lendo, o meu repertório não era trabalhado o suficiente para me permitir uma interação bacana com a leitura. Hoje, meses depois, quase um ano, sou um cozinheiro melhor, mas meus pratos ainda são básicos, repetitivos. Rotineiros.

O que a vida tem a ver com a culinária? Ora, o que é a rotina se não a repetição dos mesmos métodos de cozinhar e a pequena (senão nula) variação de ingredientes? Todo dia eu faço arroz ou massa, eventualmente acrescento um tomate ou palmito no prato, e cozinho alguma carne (gado, frango ou porco) numa panela. Deixo a carne crua lá com óleo e cebolas picadas e algumas vezes alho, ela solta água e cozinha nela mesma até secar e ficar gostosa. Sim, é gostoso, mas cansa. A vida é a mesma coisa.

Relendo o livro, percebi que os primeiros capítulos são dedicados às ferramentas e aos ingredientes que usamos para cozinhar. O argumento é direto: se tivermos diversos itens e temperos, poderemos fazer composições saborosas. Muitas vezes cozinhamos com pressa e precisamos jogar com o que temos na despensa ou na geladeira. Se tudo o que temos é o que tínhamos semana passada, como esperar que essa semana os sabores sejam diferentes? A vida é a mesma coisa.


É ingenuidade acreditar que existam infinitas combinações para arroz e feijão. Nosso repertório cresce com a novidade, com a diferença, com aquilo que ainda não conhecemos. Se fazemos tudo igual, como poderemos esperar que o nosso prato seja diferente do que vem sendo?

Se falamos sempre com as mesmas pessoas, realizamos os mesmos trabalhos, visitamos apenas determinados lugares... Dá realmente para esperar que a vida seja mais do que um macarrão instantâneo?

Um comentário:

Isis Moreno disse...

Como sou uma péssima cozinheira este post me fez refletir os motivos de meu desinteresse pelos pratos e certas coisas da vida. Obrigada.

Adoro o blog...acompanho sempre.

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