domingo, fevereiro 19, 2012

Enquanto isso, no bar

Ontem de noite fui a um bar para o aniversário de um amigo da minha colega de casa. Depois, fomos a um outro bar, um bar gay (pelo que entendi, esse bar gosta de outros bares do mesmo sexo), onde encontramos alguns outros amigos dessa minha amiga. Ao contrário do que aconteceu no primeiro bar, em que o máximo de atenção que eu havia recebido durou alguns minutos, neste eu tive companhia pra conversar e fazer piadas por tanto tempo quanto a noite durou.

Aí existem algumas coisas a considerar. Em primeiro lugar, por que eu e o grupo de mulheres tatuadas apreciadoras de música não conseguimos nos relacionar? Ou melhor, por que não nos relacionamos naquele momento específico? Imagino algumas respostas para isso, mas não deixo de somar minha inabilidade em me comunicar dentro de ambientes barulhentos, uma vez que eles prejudicam minha audição e eu não consigo compreender o que as pessoas estão dizendo. Acontece em português, mas é ainda pior quando não se trata da minha língua materna. É sempre difícil entender precisamente o motivo das coisas não serem, então nem vou dedicar muito esforço nessa tarefa. Elas estavam na festa de aniversário de um amigo, se conheciam e gostavam de coisas semelhantes. Pra que arriscar perder tempo com alguém desconhecido? A gente faz esse tipo de escolha o tempo inteiro, não há porque se culpar.

O bar gay. Jogamos sinuca, fizemos piadas, conversamos sobre sexo e posicionamentos morais, carreiras, cursos de universidade etc. "Ah, é óbvio que é porque vocês são gays". É? "Ah, é porque eles estavam dando em cima de ti". É? Esses são argumentos usualmente lançados contra mim para justificar a eterna promiscuidade homomasculina. Entretanto, eu gostaria de propor uma alternativa. Apenas para considerarmos rapidamente, sim?

E se a noite foi divertida porque tinha pessoas com disposições semelhantes às minhas em fazer o tipo de piada que eu faço, em discutir o tipo de assunto que eu discuto, inclusive em entender o tipo de atração que eu sinto? Continuo defendendo diversidade e que as pessoas não fechem em guetos, mas oi, eu me senti seguro o bastante para esquecer que sou o visitante de fora, sinal de que havia outras coisas nas quais me concentrar. Acho que relações humanas são muito disso: se sentir seguro onde está pisando, conhecer as regras e os funcionamentos dos ambientes etc. Eu estava realmente sentindo falta de me sentir seguro em algum lugar.

Rola também o argumento de que, como um cara que tem namorado, eu não deveria me expor a riscos. Que estar lá e ouvir alguém dizer que transaria comigo em um beco é um desrespeito ao meu namorado. Eu discordo. Eu realmente discordo. Se a pessoa se sentiu confortável o bastante consigo mesma para dizer o que pensava e respeitar o que eu penso a respeito disso, não vejo problema nenhum. Se essa mesma pessoa tentasse alguma coisa depois que eu respondi "não tenho problemas em transar em becos ou aleatoriamente com qualquer pessoa, mas eu tenho namorado e respeito minha escolha de relacionamento", aí sim rolaria um problema e passaria a ser um desrespeito. Comigo, não com outra pessoa. Da mesma forma, a decisão de o que fazer em relação a isso seria minha, não de outra pessoa, e alguém tomar meu partido sem permissão seria tão ofensivo quanto. Por quê? Porque estaria silenciosamente dizendo que eu não dou conta de lidar com as situações e que talvez sequer confia em mim para fazer as escolhas certas.

Entretanto, como fui notado, reconhecido e respeitado, tive uma noite agradável, incluindo até um casal que estava na loja de pizzas e com o qual comecei a conversar aleatoriamente. Coisa de gente bêbada. Realmente espero que eles não me odeiem por haver me intrometido na vida deles, mas hey, eles poderiam simplesmente me ignorar. Não é como se outras pessoas não o tivessem feito nessa mesma noite.

=)

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