segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Ética fluida

Tenho pensado no que constituiria um mundo perfeito, ignorando que as imperfeições são as características mais marcantes dos seres humanos. Gastei horas imaginando um sentido moral que abarcasse a todos os sujeitos, que funcionasse como universal, esquecendo que nossas tentativas de generalização cometem mais atrocidades e apagamentos do que ajudam a compreender o mundo em toda a sua complexidade.

Essas reflexões se tornam ainda mais presentes quando preciso me degladiar com sentidos éticos diferentes dos meus. É o caso, por exemplo, do curso que tenho ministrado ao longo do mês, em que prevalesce entre alguns estudantes a noção de que sexualidade é algo que deve ser controlado, ao invés de vivido, e que a virgindade é algo a se guardar como um tesouro. Ainda que eu compreenda que algumas pessoas possam acreditar e defender esse entendimento ao ponto de serem felizes, o que acontece quando essas crenças são impostas sobre os outros?

Por outro lado, eu realmente acho que meu ponto de vista é melhor. Acho mesmo, sem falsa modéstia. Isso complica a parte em que eu digo que devemos respeitar aos outros, pois eu acho que esses outros estão perpetuando maldades e limitações que mais ferem do que auxiliam. Estão resguardando informações, acreditando em mitos e reproduzindo-os como armas contra outras pessoas. Ignorância é uma benção, sim, mas só porque ela te impede de rever a si mesmo.

Existe algum jeito de caçar verdades, sendo que elas não são absolutas?
Tantas questões envolvidas em simplesmente estar no mundo...

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