Essa é a grande questão, aqui. É tudo tão mais barato do que estou acostumado, portanto é fácil pensar "ei, mas quando eu vou encontrar esses preços de novo?". Aí cogito novo computador, novo celular, um tablet, um e-reader (pois vem com a tecnologia do e-ink, que aliás é realmente muito legal) etc. E o dinheiro para pagar tudo isso, onde está? E o meu uso para essas coisas, que será só de manter caixinha na gaveta?
Relendo essa escrita, descobri-me feliz por não ter comprado novo computador, nem novo celular, tablet ou e-reader. Comprei quarenta e oito livros e, quando cheguei de volta ao Brasil, uma nova estante para guardá-los. Ela agora me impulsiona a querer mobiliar ainda mais a minha casa, a pensar em uma televisão, talvez uma nova mesa para meu computador e certamente uma cadeira mais ergonômica. Já que estou nessas, por que não bancos para sentar na minha bancada de mármore, onde preparo meus alimentos?
Escapei de um lugar onde poderia comprar inúmeros apetrechos tecnológicos para cair de volta em uma realidade na qual eu desejo mobílias. Comum a todos esses momentos é o desejo de consumir, de comprar coisas e ser dono. Para alguém que tem buscado trabalhar a própria capacidade de desprendimento, essa ânsia de ter é um bocado complicada de gerenciar. Estou trabalhando em um lugar, provavelmente começando em outro, pesquisando mais empregos e ainda sendo pago para estudar. Bem, essa última deve acabar em pelo menos um mês, se é que já não acabou. Eu estou vivendo o capitalismo (eu ia chamar de capitalismo selvagem, mas ei!, eu comprei livros, então deve ser um capitalismo civilizado).
O desejo de comprar é angustiante. Eu sinto que há um espaço na minha casa que carece de atenção, um lugar vazio que pede por conforto, por presença, por preenchimento. Enquanto não decido o que vai ocupar aquele espaço, se alguma coisa, dedicarei meus dinheiros a pagar por exercício físico (uma piscina e uma instrutora, por ora, mas talvez em maio eu cogite musculação) e cursos, eventos e encontros com amigos. No meio disso tudo, ainda tento encontrar qual é a medida, se é que existe, para viver em meio a um mundo de economias (algumas nada econômicas).
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