sexta-feira, outubro 04, 2013

Ciúme não é prova de amor

Quero começar deixando claro que não acredito que namorar com alguém signifique ser dono desse alguém. É uma ideia simples, mas acho que muita gente vai discordar. Por esses tempos namorei com um angry bird que achava um ultraje as pessoas me olharem na rua, como se estivessem trespassando alguma área privada. Eu mesmo já me peguei enfurecido de pensar em algum digníssimo conversando com outros sujeitos. Só depois de muitas fúrias aleatórias é que pensei sobre o motivo disso.

Sempre achei que ciúme fosse prova de amor. Afinal de contas, se tu ama alguém, quer que essa pessoa esteja contigo para sempre, não é mesmo? Não, não é. A não ser que eu esteja entendendo errado essa coisa toda do amor, amar não significa querer estar sempre do lado grudado sem deixar respirar. O nome disso é egoísmo, dependência, posse, ou várias outras coisas, mas não amor.

Amar, da forma que entendo, é querer bem, se preocupar, dar carinho, oferecer ombro, sorrir pelas conquistas, torcer pela felicidade. Não é a toa que ter amor próprio significa fazer tudo isso em relação a si mesmo. Amar não é ver a pessoa realizar aquilo que imaginamos para ela. Amar não é algo eterno, pode mudar de uma hora para outra (as pessoas mudam!). Amar não é justificativa para loucuras (o nome disso é loucura, veja só).


Então o que é o tal do ciúme? Ciúme é um exercício do nosso ego, nossa tentativa (frustrada) de controlar o mundo, geralmente a partir de alguém que a gente ama ou acha que ama. Quando a gente diz "ele é meu namorado", o meu ganha mais importância que tudo e pensamos que podemos controlar como a pessoa respira, para onde olha, o que sente e o que faz. Isso é um problema, especialmente porque no geral as pessoas que namoram firmam um acordo baseado em poucas coisas explícitas. Por exemplo, quase todo namoro é monogâmico, ou seja, uma relação que não envolve sexo com outras pessoas. Por outro lado, quase ninguém define comportamentos relacionados a flertes, conversas com exs e saídas com os amigos.

Uma hora ou outra, porém, o mundo imaginário do namoro perfeito que idealizamos bate de frente com a realidade e a pessoa sofre porque a imaginação era melhor do que a verdade. É nessa hora que nasce o ciúme. Em resumo, o ciúme é o nosso mimimi por o mundo (e as outras pessoas) não serem exatamente como nós queríamos. Se for criança, chamamos de mimada. Se for namoro, dizemos que é ciúme.

Quando a gente sente ciúme, o problema não está na outra pessoa, mas sim em nós e em nossas expectativas. É o nosso mundo que está a perigo, a nossa visão da vida que está sendo ameaçada pela força mordaz da verdade. É possível escaparmos do ciúme? Não sei. Podemos nos libertar das nossas expectativas? Por essas e outras acho que nem todo mundo pode namorar e que devemos pensar menos. Só abrindo mão de nós mesmos, me parece, é que somos capazes de verdadeiramente amar...

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