Provavelmente todos nós já vivemos algo parecido: chegamos a um lugar ou a uma situação a que não estamos familiarizados ou confortáveis e começamos a analisar todas as variáveis possíveis tentando decidir como agir. Será que vai dar certo? Será que vão gostar? Será que não vou fazer feio?
Eu não estava com medo por não saber o que queria. Pelo contrário, eu sabia exatamente o que buscava. Arrisco dizer que no geral a gente tem uma boa noção do que está procurando. O que me paralisava eram as infinitas possibilidades derivadas de cada momento em que eu estava próximo ao rapaz. O que teria feito a diferença naquele momento? Pensar menos.
"Saber e não fazer/agir é ainda não saber" |
Eu estava preocupado com tantas coisas, com fazer direito, com dizer as palavras certas, com manifestar o olhar correto, com passar a mensagem exata, com me movimentar de forma interessante, com não o deixar perceber que eu estava com medo etc. Seria tão difícil ser eu mesmo? Naquele momento eu ainda não havia percebido que se a criatura não se interessasse por mim, elaborar mil planos e analisar zilhões de possibilidades dificilmente mudaria alguma coisa.
Ontem uma amiga pediu para que eu lhe falasse mais sobre o zen. Eu fiquei sem palavras. Pensando de novo, acho que foi a melhor resposta possível, já que o zen está relacionado à experiência direta da vida e não com reflexões e conceituações abstratas. Pensar demais no passado ou no futuro nos rouba o momento presente, impedindo a experiência direta. Quando agimos pensando principalmente nos resultados, é a experiência do momento que está sendo perdida.
Prometi a essa amiga que escreveria um texto sobre zen e passei algumas horas perdido olhando para a tela em branco. Eu estava considerando a melhor forma de escrever, sem perceber que o melhor jeito de colocar as palavras no papel é colocando. O saber não faz sentido sem o agir, algo que por sua vez só faz sentido dizer se eu estiver praticando. A mesma coisa vale para mim, que quero ser escritor. Sempre quis, nunca soube como, até que comecei a ser. A porta estava ali aberta para mim, então finalmente passei por ela. Não sei o que vem agora, não sei como agir, o que escrever, quem vai ler, não sei nada disso. Eu posso ficar pensando a respeito e decidindo tudo de antemão (já antecipo que tem um grande potencial de dar errado, não sou tão inteligente assim), ou posso seguir escrevendo.
Nada disso quer dizer que não devemos refletir sobre nossas vidas. Acho que se for pra resumir, podemos colocar assim: é tranquilo parar de vez em quando para pensar, mas não passar a vida pensando sem sair do lugar. Afinal, a vida é movimento.
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