Minha amiga sugeriu que eu propusesse uma palestra para a USP. Na hora acionei as luzes e sirenes de emergência: não, que isso, como assim, não é fácil, não é pra mim, eles são ocupados. Dois segundos depois, pensei: eu não faço ideia de como organizar ou sugerir uma palestra, então por que estou tão convencido de que é difícil, impossível, de outro mundo? Será que sem nem perceber eu entrei para a turma do deixa disso?
Como os amigos da raposa sabem (esse tem sido um tema recorrente aqui), eu estou prestes a mudar de vida. Parte dessa mudança inclui ficar um tempo sem trabalhar, ao menos enquanto busco alternativas ao modelo clássico de trabalho, o qual não me agrada nem um pouco. Já ouço as vozes se erguendo: "mas não agrada a ninguém, por que pra ti teria que ser diferente? Deixa disso...".
A impressão que tenho é que a maior parte das coisas que fazemos são uma simples repetição de fórmulas anteriores, sejam elas boas ou não. O trabalho convencional, o planejamento de futuro certinho, o relacionamento monogâmico, tudo isso são fórmulas que por comodidade vamos reproduzindo. Talvez isso faça sentido se elas não nos incomodam, mas eu estou profundamente indignado com inúmeras delas. Ainda assim, meu plano inicial, que era um ano sem trabalhar, já está reduzido a dois meses. Esse é o tempo máximo que acredito que conseguirei ficar sem nenhuma forma de trabalho formal. Alguém poderia argumentar que estou sendo lógico, precavido ou algo assim.
A realidade é diferente. O que eu estou sendo é convencional e medroso.
2 comentários:
Mas como se faz pra ter uma palestra nas USP (e em outras universidades), qualquer pode se inscrever e se for aprovado vai lá e faz??
Eu não diria se inscrever, mas o fazer acontecer não me parece tão difícil, agora que estou pensando a respeito dos eventos/palestras que vi se formando em uma conversa de bar. Acho que, como tudo, está relacionado aos contatos que a pessoa tem...
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