sexta-feira, novembro 10, 2006

recorrente

- O que tu quer aqui? Não entendeu ainda que já acabou?
- Tu podia ter atendido alguma das ligações. Foram dúzias - acende cigarro, traga, sopra.
- Se eu não atendi era porque não queria falar contigo! Ainda não quero! O que tu tá fazendo aqui, não era pra tu vir até aqui!
- Pode sentar se quiser - fuma.
- Eu não vou sentar, eu não tenho o que fazer aqui contigo. Não acredito que tu veio aqui...
- ...
- Seja rápido - senta.
- Já conseguiu emprego?
- Tu não veio aqui pra conversinha! Se veio, perdeu teu tempo, porque eu não vou ficar aqui perdendo meu tempo contigo. Já perdi dois anos da minha vida contigo. Dois anos! - levanta e sussurra - E já fazem meses que a gente terminou, acabou, cara, bota isso na tua cabeça - senta de novo.
- Tu já conseguiu emprego?
- Não - bufa - O que isso te interessa?
- Eu falei com uma amiga - larga o cigarro, pega uma xícara - Ela disse que pode te conseguir um emprego.
- Eu... - pensa - Eu não quero nada de ti. Nada mesmo, a gente não tem mais nada.
- Não é um presente nem um favor - bebe o café - Eu quero algo em troca.
- ... - olhar espantado - O que?
- Tu.


xxxxx

Essa cena fica voltando à minha cabeça o tempo inteiro. Ora com mais detalhes, ora mais apimentada. Eu devo voltar a trabalhar nela algum dia desses, mas resolvi colocá-la no 'papel' pra enxergá-la um pouco melhor. Imaginar a cena com a complexidade da minha imaginação nem sempre condiz com o limite da minha capacidade literária.
na verdade, nunca condiz ^^

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