O investimento que tenho feito em participar da vida acadêmica tem me servido para observar o mundo a partir de lentes analíticas bastante detalhistas. Ou assim acredito. Por enquanto, ao menos, não perceberei se estiver enganado. O que, aliás, é um dos grandes truques e maldades de estar enganado: a gente não sabe de algo por sabermos outro algo.
Antes de pensar em como mudar o mundo, eu preciso saber um por quê, um de quem, um quando e também um onde. Talvez existam outras perguntas que eu ainda não percebo. O aprendizado delas veio do jornalismo, mas carrego comigo para me assessorar quando penso. Ou seja, sempre.
Chegamos à crise da vez: eu não sei o que fazer da vida. Esse foi um problema facilmente contornável ao longo da vida, pois as escolhas foram se apresentando. Mudar de escola para uma melhor, pois acreditava que o ensino da minha era ruim. Por que eu pensava isso? Não faço ideia. Por que escolhi o colégio que escolhi? Talvez o mérito dessa esteja na publicidade. Faculdade foi fácil, sei escrever, gosto de aventuras (?), então logicamente a escolha é o jornalismo. Especialização? Eu já trabalho com o visual. Mestrado? Cultura + visual, fechou todas. Coloca sexualidade na panela e o caldo está engrossado. Agora estou terminando o mestrado. O objeto dissertação já não me empolga. Eu já acho que ele mesmo poderia se transformar em alvo de análise. Reflexão sobre como se fez, como não se faz etc.
Eu suponho saber algumas coisas. Não quero trabalhar oito horas por dia. Nem seis, aliás. Quero viajar muito, estar em contato com pessoas ao redor do mundo. Falar vários idiomas, aprender a cozinhar coisas gostosas e coloridas, dançar sem tropeços e me defender usando meu próprio corpo. Desejo ler muitos livros, não porque eles podem me conferir algum adjetivo culto, mas porque são histórias. Narrativas me excitam.
Talvez esteja aí uma pista. Gosto do jeito que histórias são contadas, partilhadas, imaginadas, desenhadas desde o instante da inspiração súbita até a concretização procrastinada. Aprecio a ideia de tecnologia, de técnica, de compartilhamento através delas. O poder das palavras, das imagens, dos sons. Tenho seguido essa pista pelo viés acadêmico e estou começando a sentir que ela já não me empolga tanto por aqui.
Será que narrativas podem mudar o mundo?
Se sim, como mudar o mundo?
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