quarta-feira, novembro 02, 2011

Tales, qual é o teu gênero?

Ôu! Ôu!
Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...

Esses dias eu perdi uma oportunidade perfeita de dialogar sobre como os gêneros são socialmente construídos. Estávamos justamente discutindo a pesquisa de uma colega na pós-graduação, que está estudando sua formação de gênero. Uma outra colega nossa assumiu que ela estava estudando feminilidade, mas eu intervim comentando que não necessariamente, que ela não sabia qual era o gênero que ela estava construindo. Então fui perguntado sobre o meu gênero e respondi prontamente que me alinhava com o masculino.

Pensando a esse respeito, e lendo hoje sobre pesquisa autoetnográfica, fui lembrado sobre as complicações de dicotomias como essa, do masculino e feminino. Dicotomizar tem pelo menos três consequências bastante claras: 1) ignora outras possibilidades além de duas e posiciona uma como melhor que a outra. Quando respondi masculino, assumi o discurso que ignora a existência de um contínuo que liga dois pontos idealizados de conformação de gênero. Quase ninguém consegue ser o Homem ideal, tampouco a Mulher. A maioria dos seres humanos se situam no meio desse espectro, e por usualmente conhecermos apenas dois sexos, assumimos que com gêneros deveria ser igual. Bem, que seja igual: o sexo biológico é muito mais complexo do que simplesmente ter pênis ou vagina, envolve hormônios, por exemplo, que interferem no nosso corpo de maneiras tão diversas e variadas entre machos e fêmeas que não é possível realmente separar, salvo numa categorização estanque para análise. O problema é quando essas categorias ganham status de verdade e passam a ser consideradas naturais, inquestionáveis.

Então respondendo novamente: sou masculino e feminino, ou seja lá como quiserem chamar. Eu sou gente, como já ouvi responderem. Acho tão mais fácil responder o que eu não sou...

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