terça-feira, novembro 01, 2011

Essa tal de ética

Acabei de me dar conta que, para ser ético, ou ao menos o que entendo atualmente por ético, não posso comentar publicamente o que estava matutando para ser meu post de hoje. Brindemos a isso, então, ao segredo que ser ético exige!

Tentarei contornar essas dificuldades. Eu me considero um bom profissional; trabalho com educação, produzo e reviso textos (discursos?) e pesquiso sobre sexualidade.  Acho que, na medida do possível, eu performo essas atividades com alguma qualidade. Enquanto tutor, procuro estar atento aos que os estudantes requisitam. Quando estou revisando e tenho permissão para tanto, interfiro ideologicamente no texto, questionando seus autores ou, no mínimo, aqueles que têm poder para alterá-lo. Na pesquisa, constantemente me ponho à prova de olhares terceiros para discutir e rever posicionamentos. Nada disso garante coisa alguma, já que alguém com posturas diferentes poderiam dizer exatamente as mesmas coisas, acreditar e até ser acreditado. Até por mim, dependendo do caso.

Onde entra a ética nisso? No momento em que eu não acredito que estou oferecendo minha "força de trabalho" para algo bom. É difícil discutir qualquer coisa sem deixar claras minhas posições ideológicas, o que até é algo que defendo enquanto pesquisador: não há objetividade maior do que assumir o seu ponto de vista e rechaçar a pretensão à neutralidade. No que eu acredito? Em me esforçar para produzir uma sociedade que privilegie pluralidades e confronte desigualdades jurídicas e morais. Sim, sim, super vago, mesmo. Sei que existem contradições aí dentro, como a prática de tortura estar incluída na defesa da pluralidade, mas eu assumo uma cláusula de recusa ao que machuca aos outros. Também amplo, mas hei, não esperem que eu resolva questões discutidas há séculos em um punhado de parágrafos, ainda não cheguei nesse nível. De volta à ética, eu não acredito que eu esteja fazendo algo de fato positivo como educador e revisor. O que eu estou ajudando a criar, estou fazendo simplesmente por precisar de dinheiro para alcançar meus planos. Esse post não é uma confissão moral de flagelamento por participar de um sistema capitalista. OK, eu acho o sistema uma droga e preferia que fosse diferente, mas ainda não surgi com nenhuma explicação aplicável. Certo, estou tergiversando de novo...

Enfim, é ético se trabalhar em algo que acreditamos que fará mais mal do que bem às pessoas?

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