sexta-feira, janeiro 13, 2012

It gets better

É daquelas coisas que eu não paro muito para pensar. Sou assim, feliz e saltitante. Viadinho, bixinha, cara alegre, essa mistura de movimentos (que tentam ser) graciosos e afetação (algumas vezes até histriônica). Ia dizer que nunca me foi um problema, o que obviamente é uma mentira, por causa do tal do bullying na escola, que acontecia bem antes de eu ser, ou agir, tudo isso.


Não é sobre a escola e suas pressões que eu desejo comentar agora. Foi um período difícil, todo mundo sabe, mas eu sobrevivi e atualmente consigo lidar muito bem com isso. Certo, eu ainda atravesso a rua se algum ex-colega estiver vindo na minha direção, mas se não houver escapatória, eu até que dou conta de ser um sujeito social e superar minhas fobias. É até engraçado como eu mudei, de lá para cá, mas esse não é o foco deste texto.

Estive conversando com um ex-colega de trabalho e ele se pôs a comentar o quanto meus colegas me respeitavam no serviço. Eu sempre acho esse tipo de comentário suspeito, nunca aprendi a confiar em elogios. Acho que é parte daquele estigma que a gente carrega de termos que carregar humildade para todos os cantos, e portanto elogios são desafios a essa missão. A verdade é que eu sou um ótimo trabalhador e costumo ter sucesso tanto em fazer o que sou contratado quanto para me relacionar com as pessoas. Aí meu ex-colega comenta que apesar do meu jeito queer, todos me respeitavam. Que eles, apesar de serem machistas inveterados, me admiravam como uma pessoa de personalidade.

Não acho improvável que minha qualidade fosse aprovada e respeitada, tampouco que isso fosse apesar de como eu ajo ou deixo de agir. Não poucas vezes eu fui o sujeito a rir dos outros e, ao mesmo tempo, respeitar determinadas características. Fico pensando, apenas, se o eu do ensino médio teria sido capaz de lidar com essas risadas tão bem quanto eu consigo. Ainda não aprendi a lidar com desrespeito, isso é fato, mas pelo menos eu já não tenho mais dúvidas de quem eu sou (estou), tampouco do que eu posso fazer. Por mais que eu desaprove a ideia geral por trás da campanha, sou obrigado a dizer que it gets better.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...