Durante a faculdade tive um professor cuja missão era nos ensinar a fazer filmes. Ele propôs que a turma se dividisse em quatro ou cinco grupos de umas dez pessoas, e que cada um fizesse um curta metragem. OK, tarefa legal nas mãos e um propósito definido. Todo o resto ficava por nossa conta: escrever um roteiro, localizar atores, planejar cenários, marcar gravações, editar o material etc.
Essa proposta pode parecer super alinhada com a teoria do "eu não ensino, eu proporciono situações de aprendizado", com a qual eu mais que concordo. Porém, havia um problema: o professor não estava lá. Ao nos proporcionar a experiência de fazer um filme, ele realmente estava, nas suas palavras, nos ensinando a nadar nos jogando no mar. É verdade que aprendemos muita coisa. Por outro lado, ele não estava lá para aproveitar momentos de dúvida ou de conflito e nos oferecer (outras) opções. Nós ficamos limitados a ter um momento destinado a esse projeto e ao que pudéssemos aprender com ele, mas senti falta de um guia, de um parceiro, de alguém interessado em explorar ao máximo as possibilidades de aprendizagem que essa experiência proporcionaria.
No fim da disciplina, filme pronto (e ruim), ele nos perguntou o que achamos do vídeo. Falamos mais ou menos a verdade, ou uma mentirinha mascarada, já que ninguém gosta de dizer que fez algo ruim. E ficou por isso, sem mais comentários, sem acréscimos, sem críticas.
O que aprendi com ele? Que projetos guiados pelos alunos são boas oportunidades para aprender. A prática nos oferece um tipo de envolvimento que normalmente apenas o estudo teórico não dá conta de nos oferecer. Aprendi também que não serei o tipo de professor que abandona os alunos a aprenderem por conta: alunos podem fazer isso sem uma disciplina, sem uma figura professoral por perto. Se é pra ser assim, YouTube seria tão professor quanto o que tivemos. Verdade seja dita: nesse caso, provavelmente teríamos mais a aprender de um vídeo explicativo do que de um professor de natação que apenas nos observa na água.
Na verdade, talvez eu esteja arranhando algo importante, aqui, e deixando de mencionar. Para mim, não funciona simplesmente me largar na água. Eu fico inseguro e bloqueio a tentativa de novos modos de lidar com o desafio em questão. Para outros talvez seja um modo de aprendizagem eficaz, não sei. Talvez uma solução seja estar lá para quem quiser, para quem procurar. Quem quiser aprender por conta, boa sorte, imagino que cada um deve saber como seu cérebro funciona.
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