terça-feira, janeiro 31, 2012

Pesadelo

Ele aparece de novo de tempos em tempos. A última vez que lembro dele é de mais de dois anos atrás, mas eu sei que hoje não foi a primeira vez. Começa como se fosse uma história ou um filme qualquer: uma família em um ônibus tentando fugir de um trio de assassinos. Até esse momento não há muita aflição, exceto da parte da família, que precisa desesperadamente escapar. Então eles saem do ônibus e são metralhados. Um escapa.

Esse um passa a ser eu, correndo alucinado tentando fugir. Apenas dois dos assassinos metralharam a minha família, então ainda resta um, que pode estar em qualquer lugar. Enquanto corro, percebo que o matador restante está vindo do lado oposto na minha direção. Entro correndo em um prédio, parece muito um hotel, mas creio que é mais um edifício de apartamentos. Não sei dizer se o assassino me viu, mas corro para o elevador como se fosse o último lugar em que pudesse entrar. Aperto o mais alto dos andares, e depois um outro logo abaixo. O elevador continua no mesmo lugar. "Suítes", OK, só quem mora lá pode ir, aperto um nove e o elevador fecha as portas.

Desço do elevador numa espécie de estacionamento macabro, o cérebro a mil: ele vai saber que desci no nono andar e virá atrás de mim, ele vai me alcançar, ele vai me matar. Enquanto procuro o que fazer nesse estacionamento, onde me esconder ou onde posso encontrar escadas, vejo um corredor lotado de pessoas. Ao fim dele, uma feira.


Curioso e com uma pitada de esperança, corro para a feira. Um casal faz alguma piadinha sobre minha pressa, eu respondo algo como "estou fugindo dos caras que mataram minha família". Eles riem. Creio que também riria se alguém me dissesse isso e alguns segundos depois estivesse olhando acessórios em um estande. A sensação de paz não dura muito e logo encontro a saída, que dá na rua. É, do nono andar para a rua, algo bem planejado arquitetonicamente. Decido não voltar para a frente do hotel, pois se o assassino não me viu, ele deve estar caminhando na minha direção. Então corro para o outro lado, buscando uma parada de ônibus para voltar para casa (eles não sabem onde moro, aparentemente), mas morrendo de medo que eles me vejam no ônibus ou que peguem o mesmo em que vou estar. No caminho, vou pensando (e arfando) sobre possíveis caminhos alternativos. Estou correndo em câmera lenta.

Quando acordo, meu primeiro pensamento é "se eu não corresse em câmera lenta, estaria mais rápido". Francamente...

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