domingo, janeiro 15, 2012

O que queremos da vida?

Estereótipos são ruins. Ponto. Eles aceleram o pensamento e tornam tudo mais rápido, fato. Ao mesmo tempo, nos fazem deixar de lado as particularidades que diferenciam uma pessoa de um objeto.


Eu estava me preparando para construir uma argumentação sobre o que dizem sobre gays serem naturalmente promíscuos. Aí joguei no Google a palavra gay para tentar encontrar uma imagem bacana e, várias páginas depois, só corpos nus e pintos de fora. Eventualmente, uma piadinha sobre como o casamento gay vai destruir a civilização ocidental contemporânea.

Sempre lembro de um seminário que assisti com um professor australiano que vive nos Estados Unidos, Paul Duncum. Ele falou que não conhecia o Brasil, tampouco os elementos visuais que constituíam a nossa cultura. Então ele se dedicou a nos procurar no Google, encontrando as clássicas imagens de carnaval, samba, futebol etc. O argumento era de que nada daquilo que a busca retornou ele estava vendo desde que havia chegado, porém ainda assim aquelas são as imagens que povoam o imaginário de quem pensa a respeito do Brasil.

Certo, o que isso tem a ver com os gays? Quando construímos um estereótipo sobre o que significa ser gay e quais são as suas vivências específicas, acabamos nos acostumando a pensar que essas ideias de fato representam pessoas. Se o que estereotipamos está associado a coisas que consideramos negativas - pelo motivo que for, cultura, história,  religião -, então o estereótipo também será, por tabela, ruim. Não nos enganemos: é realmente difícil se livrar dessas ideias preconcebidas.


O que queremos de nós e dos outros? Que sentimos damos para isso que chamamos de vida? As respostas a essas questões ditarão as escolhas que faremos frente ao mundo e, especialmente, frente àquilo que consideramos não pertencer ao nosso universo, que é diferente de nós. O que entendemos como digno de existir, ou indigno o bastante que sequer mereça ser conhecido? O que eu defendo como certo? Quem pode ter os mesmos direitos que eu? Quem não pode? Quem deve arder no inferno?

O que eu defendo é que os sujeitos possam ser felizes sem ferir os demais. Abstrato, eu sei, mas direcionado o suficiente para me permitir ser razoável dentro das minhas crenças e para buscar momentos felizes para mim e para os que amo. Particularmente não me interessa o que tu pensa sobre gays, loiros, gaúchos, acadêmicos etc. Enquanto esses pensamentos não se tornarem ações nocivas, por mim tu é livre para ir e vir.

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